14 de abril de 2009

A caixa de pinho


Este é um texto particularmente difícil para mim, na medida em que os factos que lhe dão corpo moldaram para sempre a minha percepção do mundo e de mim mesma. A efemeridade da vida e dos laços é uma ideia tão francamente decepcionante...


Fiquei parada no centro da sala…minto, no centro da minha incredulidade…Quando olhei para ela, estava numa caixa de pinho, vestida de preto, ironicamente coberta com um véu branco. Não ri, não chorei, parei. Os pensamentos tentaram tecer uma justificação mas formou-se em emaranhado de fios de raiva, tristeza, mágoa e tudo o que me pôs a chorar desalmadamente, no sentido literal do termo. Corri para fora da capela, tentei fugir daquilo tudo. Dali até à Rua [...] eram dois minutos e se eu corresse o mais rápido que conseguisse talvez ela ainda lá estivesse à minha espera com uma costeleta de porco, batatas fritas e alhos na borda do prato, como só a minha avó sabia que eu gostava.


14/01/2004

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