27 de janeiro de 2013

Redacções


Introdução

“Que hei-de eu fazer, eu tão nova e desamparada quando o amor me entra de repente p’la porta da frente e fica a porta escancarada” (“Às vezes o amor” – Sérgio Godinho)

Desenvolvimento

Não quero mais das manhãs que a tua almofada amarfanhada de reviravoltas, lutas de um guerreiro de boné a três quartos, de punhos cerrados e gritos da discórdia entre berlindes e Playmobil. Pousa a cabeça no meu peito. Respira fundo. Acorda devagar, abre os olhos devagar. Que este mundo girou. Tem lâminas de barbear, sapatos bem engraxados e gravatas aprumadas. Não saímos daqui. Podemos fazer uma tenda de lençóis. Damos as mãos num pacto secreto. Juro. Os meus dedos conhecem o labirinto do teu cabelo tortuoso, viajam enquanto te olho e atento que esse mundo é ainda maior que este. Cabemos nós e os outros, a paciência e as virtudes dos inocentes. Cabem sonhos inteiros aquém Tejo. O tumulto, os fantasmas de ser grande já amanhã, ou ainda hoje. Ainda não. Não largues a minha mão durante a viagem. Que a vida vai bater-nos de frente, com força. Sem preparações. Sem colete à prova de balas. A viagem vai doer, tirar-nos as certezas, atirar-nos à rua, sem aspas. Abriga o teu verbo ser no meu coração.

Conclusão

Gosto de ti. Às vezes é fácil e outras difícil. Pesar o globo pelo verde dos teus olhos.