19 de julho de 2010

Labirinto

Estendo a mão. Olho. Avalio o risco. O melhor é esticar mais o braço. Vou agarrar. Está quase. Mais à frente um bocadinho. Só mais um minuto. Aguenta. Bicos dos pés. Último esforço.

Escapou. Perdeu-se. Falhei. Desesperança. Cabisbaixa.

Tudo bem? Tudo! Sorriso rasgado. Tudo mal. Tudo errado. Tudo feio.

Mas eu estiquei-me, arrisquei, em esforço. E falhei. Várias vezes.

Eu estou aqui. Relevante. Diferente. Motivada.

Mais uma. Um número. Uma peça.

Descontrai. Para a próxima é melhor. Não é o fim do mundo. Paciência. Este país.

Blá blá blá blá. Larga-me da mão. Tu não sabes.

Porquê? Não chegou. Falhou a astúcia, o estômago, a vontade, a centelha de sorte, a crença divina, o trevo de quatro folhas, a ferradura atrás da porta, a inteligência, a mestria, a facilidade, a puta que o pariu.

Que sim, que não, que vou fazer isto ou aquilo, que planeei. Sei lá, quando calhar, como tiver que ser. Depois. Vais ver. Assim e assado. Logo se vê.

Entendes-me?

É complicado. É complexo. Diferente. Sou como sou e tu não sabes. Não se consegue. Não mostro. Agora não me apetece. Não fales comigo.

Mas pergunta-me. Porque é que não queres saber? Sou invisível?

Mal criada. Rude. Astuta. Orgulhosa.

Triste. Amarga. Melancólica. Resignada. Amorfa.

Estou que não me encontro.