5 de agosto de 2009

Post só porque sim

Deixa-me dormir em paz. Acorda-me só quando eu tiver descansado tudo, quando o meu corpo já não pedir descanso. Faz de conta que fiz muito no dia anterior e dá-me tréguas.

Eu não sei o acto de contrição, nunca rezo o Pai Nosso, não visito as campas dos meus avós. Mas dá-me só um minuto de paz.

Deixa-me encontrar uma matriz na minha vida, algo a que eu possa dizer: “sim senhor, isto correu como planeei!”. Uma lufada de ar fresco, um atirar a toalha ao chão, um “basta” de viva voz, um pontapé na parede, umas quantas chapadas, de luva branca ou sem ela, mesmo.
Deixa-me só sair pela porta fora. Deixar as pessoas de boca aberta e estar-me cagando. Deixa-me só pisar fora do risco da convenção social.

Deixa-me só poder ir a casa da avó, namorar com ele no jardim e dançar ao fim do dia.

Deixa-me só ter muito em vez de algum que já é bom, ir ali quando me apetece, gastar o dinheiro em coisas, fúteis mas necessárias, vestir uma t-shirt rota e continuar radiante.
Porque é que no dia em que tomei a hóstia não me explicaste, assim em jeito de resposta às minhas preces (podia ser baixinho, que eu não ia dizer a ninguém que me falaste a mim e aos outros não) que não estava liberta dos pecados do mundo? Que o mundo em si é o pecado de não se poder pecar porque este santo e aquele estão de olho e depois não temos uma nuvem no céu, quando formos para o céu, se formos.
E porque é que me fizeste assim tão complicada? E cheia de “ses”? E a ter que ser e fazer, porque toda a gente espera mundos e fundos?
Pois eu tenho fundos que muita gente desconhece. E Tu não existes.