6 de março de 2015

Efemérides feministas



E agora vamos todos cantar uma ode às mulheres.
Queremos mesmo ser iguais? Ou passou isto a ser apenas uma ridícula busca de aceitação? Ser igual não é bom, minhas senhoras. É um desastre. Aliás, é por não sermos iguais, numa primeira instância, que existe uma fusão de gâmetas que permite que andemos a povoar o planeta. Mas posso até deixar-me de fazer referência às óbvias diferenças físicas e palpáveis. Qual é mesmo a razão pela qual queremos ter um salário melhor? Porque merecemos ou porque queremos largar um infernal “incha porco” assim que consigamos os mesmos direitos financeiros? Queremos ser pénis de saltos altos, é o que me parece. Não me considero melhor nem pior que nenhum homem, ou que nenhuma mulher. Quando saio de casa para trabalhar vou convicta de que aquilo que eu vou fazer vai mudar a vida de muitos homens e mulheres. À semelhança de muitos homens, presumo, meus semelhantes. E semelhança não é igualdade.
Esta semana ouvi uma senhora de idade dizer: “Não se pode falar a verdade aos homens. Podemos dizer a verdade em tom de brincadeira e desmenti-la logo de seguida. Dizer – acha que eu estava mesmo a falar a sério?”. Riu-se timidamente. Depois assumiu um ar pensativo e até um pouco comiserativo… “Porque eles vão assustar-se quando falarmos a sério. Não se pode dizer a verdade aos homens, eles não estão preparados para ouvir”.
Será por isso que eu tenho tanta dificuldade em dizer: “Gosto de ti?”. Em sentir. Às vezes quem usa os túbaros sou eu. Ganho mais. Trabalho mais. Tenho mais. Penso mais. Atrevo-me mesmo a dizer que sou melhor em muitos aspectos. A verdade é que eu gostava que alguém, um homem, neste caso, me acompanhasse e construísse um projecto de vida comigo. Me aceitasse em toda esta minha capacidade de fazer por mim e chegar a algum lado.
Ser feminista ainda não me ajudou em absolutamente nada. Ainda não chegou o homem que me provasse que tem sido uma perda de tempo sê-lo. Que me tirasse os saltos altos, me deitasse no colo e dissesse ao meu ouvido: “Podes ser frágil de vez em quando comigo”. Só aí é que eu vou sentir-me igual. Perdão. Semelhante.

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