Introdução
“Que hei-de eu fazer, eu tão nova
e desamparada quando o amor me entra de repente p’la porta da frente e fica a
porta escancarada” (“Às vezes o amor” – Sérgio Godinho)
Desenvolvimento
Não quero mais das manhãs que a
tua almofada amarfanhada de reviravoltas, lutas de um guerreiro de boné a três
quartos, de punhos cerrados e gritos da discórdia entre berlindes e Playmobil.
Pousa a cabeça no meu peito. Respira fundo. Acorda devagar, abre os olhos
devagar. Que este mundo girou. Tem lâminas de barbear, sapatos bem engraxados e
gravatas aprumadas. Não saímos daqui. Podemos fazer uma tenda de lençóis. Damos
as mãos num pacto secreto. Juro. Os meus dedos conhecem o labirinto do teu
cabelo tortuoso, viajam enquanto te olho e atento que esse mundo é ainda maior
que este. Cabemos nós e os outros, a paciência e as virtudes dos inocentes.
Cabem sonhos inteiros aquém Tejo. O tumulto, os fantasmas de ser grande já
amanhã, ou ainda hoje. Ainda não. Não largues a minha mão durante a viagem. Que
a vida vai bater-nos de frente, com força. Sem preparações. Sem colete à prova
de balas. A viagem vai doer, tirar-nos as certezas, atirar-nos à rua, sem
aspas. Abriga o teu verbo ser no meu coração.
Conclusão
Gosto de ti. Às vezes é fácil e
outras difícil. Pesar o globo pelo verde dos teus olhos.
Tudo é mais bonito e confiante através do amor...
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